blogzine da chili com carne

quinta-feira, 28 de março de 2024

Feliz Natalixo! Apesar do Natalixo poder ser sempre quando um homem quer!



Mesinha de Cabeceira #27 : Special XXXmas : Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno de Nunsky

Publicado pela MMMNNNRRRG ... 44 páginas a cores 16x23cm

à venda na loja em linha da Chili Com Carne, BdMania, Mundo Fantasma, Matéria Prima, Tinta nos Nervos, Tasca Mastai, Kingpin, Quimby's (Chicago), Linha de Sombra, Dead Head Comics (Edimburgo), Seite Books (Los Angeles), Universal Tongue, UtopiaRastilho, Ugra Press e Desert Island (New York).


Nunsky (1972) é um criador nortenho que só participou neste zine, o Mesinha de Cabeceira. Assina o número treze por inteiro, um número comemorativo dos 5 anos de existência do zine e editado pela Associação Chili Com Carne. Essa banda desenhada intitulada 88 pode ser considerada única no panorama português da altura (1997) mas também nos dias de hoje, pela temática psycho-goth e uma qualidade gráfica a lembrar os Love & Rockets ou Charles Burns. O autor desde então esteve desaparecido da BD, preferindo tornar-se vocalista da banda The ID's cujo o destino é desconhecido. Nunsky foi um cometa na BD underground portuguesa e como sabemos alguns cometas costumam regressar passado muito tempo...

Em 2014 o regresso deste autor foi feito com o romance gráfico Erzsébet (Chili Com Carne), 144 páginas que regista a brutalidade da Erzsébet Bathory, a infame condessa húngara que assassinou centenas de jovens na demanda da eterna juventude. O livro venceu o Melhor Desenho do Festival de BD da Amadora em 2015 e terá uma edição no Brasil pela Zarabatana Books.

Em 2015 Nunsky apresenta-nos este Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno... verdadeiro deboche gráfico anti-cristão para quem curte bandas de Hair Metal de Los Angeles dos 80, fãs distópicos do RanXerox e revivalistas da heroína. A MMMNNNRRRG nunca deseja "Feliz Natal" aos seus amigos mas com a Nadja até... ehhh





Historial: lançado no dia 17 de Dezembro 2015 no Lounge Bar com o concerto da banda canadiana Nadja, organizado pela Associação Terapêutica do Ruído.

Feedback: 

A 32.ª publicação da MMMNNNRRRG é a mutável Mesinha de Cabeceira #27, desta vez subintitulada XXXmas Special. Na verdade, é uma obra a solo de Nunsky, intitulada Nadja – Ninfeta Virgem do Inferno. Esta trindade é transposta no design de Joana Pires, com a capa a evocar duplamente o fanzine com 24 anos de existência e a banda desenhada de Nadja (...) Após o registo a preto e branco de Erzsébet, que galardoou Nunsky com o Prémio Nacional de Banda Desenhada Amadora BD 2015 de Melhor Desenho para Álbum Português, o autor regressa a uma temática demoníaca – desta feita mais expressa que evocada – mas com uma palete de cores, cujos tons saturarão a visão dos mais incautos. Nuno Sousa 
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a um só tempo, pesada e leve, séria e cómica, fresca e desesperante. (...) Existem traços de alguma soberba crença na mundividência católica e a associada crença no Demo. Tratar-se-á este Nadja de um tortuoso panfleto de um Católico atormentado por gostar dos discos dos Slayer e Iron Maiden e querer ver realizadas as suas capas? Uma homenagem a todo um historial de comics de séries Z? (...) Nadja é um bafejo de hálito quente e cerveja quente. Pedro Moura
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O especial de Natal assinado por Nunsky não terá estado entre as oferendas mais populares da quadra, mas vale a pena não o perder mesmo depois disso. Numa banda desenhada onde se cruzam o hardrock metálico-meloso dos anos 90, um fascínio adolescente por satanismos e uma estética onde a sexualidade explícita e o kitsch se misturam sem remorso, Nunsky volta a confirmar por que é que o seu trabalho há-de ser sempre uma surpresa renovada. Blimunda 
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Merci pour ton envoi satanique Bertoyas 
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es una marcianada muy divertida. Cuando Marcos Farrajota me explicó su contenido, me dijo que se parecía a la obra de Benjamin Marra, y en cierta forma estoy de acuerdo con él: se trata de una apropiación del material de serie Z más casposo, del terror barato y descerebrado que mezcla erotismo soft con invocaciones a Satán, grupos heavies e internados para niñas. (...) Nadja, una cría de doce años, se mete una droga chunga con su novio, Franz, y acaba en el infierno, donde Satán le ofrece un pacto: la enviará de vuelta a la Tierra con «supernatural satanic powers», y por cada alma que lleve a la perdición, podrá pasar un día con su amado Franz. The Watcher and the Tower
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Grazie mille por los comics [Najda Eh eh] Arte Tetra
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Nadja - Virgin Teenie from Hell, the artwork in that was stunning. I'm not a massive comic fan, so haven't seen a large number of comics with which to compare it, but I'm positive that I've seen many mainstream comics with far inferior artwork. Great storyline, too! pStan Pumf

Nadja is also fun to read because I was a metalhead for over 30 years! "Demon Bitch" probably is inspired from Motley Crue and the logo (...) by (...) black metal bands, I guess. Heavy Metal magazine should hire Nunsky! Harukichi

The Santa book is...very dark. (...) But it is powerful, beautiful, and well made. Angel Marcloid 




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Brouhaha do Erzsébet:

Muito boa BD, me inspira para criar logotipos - Lord of The Logos

Erzsébet, o livro, é o relato implícito, emudecido, de um receio: o de que a morte escape definitivamente ao controlo masculino. Afinal, é a morte que conduz cada um e todos os passos da humanidade, tal e qual como vem anunciando a estética gótica em todas as suas formas. Nunsky recorda-nos isso mesmo com esta edição… - Rui Eduardo Paes

Consegue ter aquele espírito dos filmes do Jess Franco e afins, em que por vezes é mais importante a iconografia e a imposição de elementos simbólicos / esotéricos ou fragmentos de actos violentos e ritualizados (como as mãos nas facas ou as perfurações e golpes) do que termos uma continuidade explicita e lógica da narrativa, o que cria toda uma tensão e insanidade ao longo do livro e de que há forças maiores do que a nossas a operar naquele espaço. André Coelho

o romântico está presente antes na sua dimensão histórica e o trágico se aproxima do monstruoso. - Pedro Moura





quarta-feira, 27 de março de 2024

Espero chegar em breve / últimos 25 exemplares



Número 28 do zine Mesinha de Cabeceira outra vez com o Nunsky!!!

Edição Nunsky Comics com o apoio da MMMNNNRRRG
44p. p/b, 16x23cm
ed. brochada, capa a cores em cartolina texturada

disponível na nossa loja em linha e na 

Nunsky (1972) é um criador nortenho que só participou no Mesinha de Cabeceira. Assinou o número treze com 88 considerada única no panorama português da altura (1997) mas também nos dias de hoje, pela temática psycho-goth e uma qualidade gráfica a lembrar os Love & Rockets ou Charles Burns. O autor desde então esteve desaparecido da BD, preferindo tornar-se vocalista da banda The ID's cujo o destino é desconhecido. Nunsky foi um cometa na BD portuguesa e como sabemos alguns cometas costumam regressar passado muito tempo...

Desde 2014 que este autor regressou à BD e com toda a força: primeiro com Erzsébet sobre a infame condessa húngara que assassinou centenas de jovens na demanda da eterna juventude, e em 2015 com Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno, verdadeiro deboche gráfico entre o Hair Metal de L.A. dos 80 e a distopia do RanXerox.

Agora apresenta este um belo trabalho sobre um homem que recupera consciência do seu sono criogénico a bordo de uma nave especial. A Inteligência Artificial não consegue reparar o problema e Kemmings vê-se obrigado a manter-se acordado mas fisicamente paralisado durante dez anos da travessia sideral. Como a maior parte da obra de Philip K. Dick (1928-82), este conto questiona o que é ser humano e o que é a realidade.



Feedback 

O isolamento criativo dos autores, mesmo numa cena incipiente como a portuguesa, poderá dar francos frutos. Num curto período, o elusivo Nunsky, que havia apresentado uma fulgurante mas fugaz novela com 88 (...) há 20 anos, regressou para apresentar toda uma bateria de trabalhos acabados, coesos, densos, inteligentes e graficamente vincados, cada qual com a sua própria personalidade de humor, género, tradição, e exigência de leitura. (...) Apesar do tema ser claramente a do cerne que torna um ser humano tal coisa, isto é, a teia da identidade, a verdade é que as implicações filosóficas mais tipificadas de Dick não deixam de se fazer sentir imediatamente. (...) A adaptação do conto pelo autor português é fiel, precisa, quase extrema, quase ipsis verbis, mesmo, (...) Apesar dos desenhos de Nunsky serem reconhecíveis como tal, com a sua austera e sólida figuração, notar-se-á de forma evidente que a assinatura do traço acompanha um registo distinto daquele de Erzsébet e de Nadja, seguindo métodos de artes-finais particulares. O uso de linhas paralelas para marcar as sombras, a oscilação entre momentos melodramáticos, de poses estáticas e construções simbólicas – a recorrente apresentação simultânea do rosto de Kemmings tal qual no seu semi-sono criogénico e a sua consciência interna acordada (usada de forma excelente e retro-psicadélica na capa) - , faz recordar muitas das assinaturas clássicas que emergiram nos comics de terror e de ficção científica da EC Comics (...) Em 41 pranchas, a densidade intelectual de Dick (chamar isto de “ficção científica” somente é falhar o alvo) e expressiva de Nunsky unem-se para apresentar uma soberba novela. 
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Melhores livros de BD de 2016: Nunsky é cada vez menos um cometa na BD nacional, (...) afirmando-se como um dos mais relevantes autores no panorama nacional. Que se mantenha sempre presente. 
Gabriel Martins in Deus Me Livro
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(...) A obra é uma deliciosa inversão da IA perseguidora, trocando os papéis: quem inflige o terror é o protagonista a si mesmo. (...) Nunsky demonstra, uma vez mais, a sua qualidade, ao adaptar-se ao estilo e exigências da história, com uma cuidada estruturação da narrativa e uma adaptação de estilo. Nos momentos em que isso é exigido, o autor dança entre a sombra e a luz, num equilíbrio que já o caracterizava na adaptação da depravação de Erzsébet (...) Este autor português consegue a proeza de justificar o seu regresso, insistindo em ser um dos melhores a trabalhar na 9.ª Arte. 
Acho que Acho
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Nunsky trabalha de forma brilhante, com o traço grosso e o uso do negro a iluminarem com as suas qualidades opressivas
Jornal de Letras
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Nomeado Melhor Álbum, Argumento e Desenho no Comic Con 2017
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Nomeado Melhor Álbum, Argumento e Desenho nos Troféus Central Comics 2017
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Por onde anda este (bom) autor? (...) Ah, gostei também bastante da capa (incluindo a textura do papel).
Jorge Ferraz (por email)

terça-feira, 26 de março de 2024

Erzsébet - últimos 30 exemplares



Erzsébet de Nunsky ... 17º volume da Colecção CCC editado por Marcos Farrajota. Design por Joana Pires. Capa por Nunsky. 144p p/b 16,5x23cm, capa a cores. 500 ex. ISBN: 978-989-8363-24-4

Sinopse: Erzsébet Bathory, a infame condessa húngara contemporânea de Shakespeare, ao contrário deste, incarnou como poucos o lado negro e animalesco do ser humano. São-lhe atribuídos centenas de crimes inomináveis que lhe grangearam alcunhas como "Tigreza de Csejthe" ou "Condessa sanguinária" e que a colocam no mesmo lendário patamar de bestas humanas como Gilles De Rais ou Vlad, o Impalador. Por detrás do seu rosto pálido, de olhar impassível e melancólico ocultava-se o próprio demónio, Ördög.

à venda na loja em linha da CCCMatéria Prima, ZDB, BdMania, Tinta nos Nervos,  Kingpin, Universal Tongue, Linha de Sombra e Utopia








o autor: Nunsky é um criador nortenho que só participou no zine Mesinha de Cabeceira. Assina o número treze por inteiro, um número comemorativo dos 5 anos de existência do zine e editado pela Associação Chili Com Carne. Essa banda desenhada intitulada 88 pode ser considerada única no panorama português da altura (1997) mas também nos dias de hoje, pela temática psycho-goth e uma qualidade gráfica a lembrar os Love & Rockets ou Charles Burns. O autor desde então esteve desaparecido da BD, preferindo tornar-se vocalista da banda The ID's cujo o destino é desconhecido. Nunsky foi um cometa na BD underground portuguesa e como sabemos alguns cometas costumam regressar passado muito tempo...


Feedback: 
Muito boa BD, me inspira para criar logotipos 
Lord of The Logos (via e-mail) 
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Erzsébet, o livro, é o relato implícito, emudecido, de um receio: o de que a morte escape definitivamente ao controlo masculino. Afinal, é a morte que conduz cada um e todos os passos da humanidade, tal e qual como vem anunciando a estética gótica em todas as suas formas. Nunsky recorda-nos isso mesmo com esta edição
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Erzsebet é um grande livro. Consegue ter aquele espírito dos filmes do Jess Franco e afins, em que por vezes é mais importante a iconografia e a imposição de elementos simbólicos / esotéricos ou fragmentos de actos violentos e ritualizados (como as mãos nas facas ou as perfurações e golpes) do que termos uma continuidade explicita e lógica da narrativa, o que cria toda uma tensão e insanidade ao longo do livro e de que há forças maiores do que a nossas a operar naquele espaço. 
André Coelho (por e-mail) 
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o romântico está presente antes na sua dimensão histórica e o trágico se aproxima do monstruoso. Pedro Moura / Ler BD 
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Para todos aqueles que apreciam uma viagem pelas profundezas negras do coração dos Homens, este é sem dúvida um livro a explorar, aliás, uma das publicações mais interessantes do ano passado 
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Acabei de ler esta versão e perdoem-me, não posso evitar um sorrisinho complacente - então somos nós os amadores "alternativos"? A "nossa" condessa pode não ser nenhuma obra prima, mas é, modéstia à parte, um trabalho bem mais sério e sólido que a pobre caricatura da renomada Glenat. A única coisa que gostei foi a técnica gráfica (nem tanto os bonecos). GO CHILI! ÉS O NOSSO ORGULHO! P.N. (por e-mail)
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Nomeado para Melhor Álbum Português e Melhor Argumento e vencedor de Melhor Desenho na BD Amadora 2015 
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Nomeado para Melhor Álbum PortuguêsMelhor Desenho no Comicon 2015 
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Existe verdadeira loucura e terror nas caras e paredes pintadas de sombras e escuridão. Uma das obras essenciais na BD de 2015 a ser comprada e lida as vezes que aguentarem, porque a história de Erzsébet Bathory não é para os fracos de coração e de estômago.
Acho que Acho 
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Primeiro livro da Chili Com Carne com edição estrangeirar lançado no Brasil pela Zarabatana Books
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A ausência de um arco dramático ou qualquer desenvolvimento de personagens é um recurso que aproxima Erzsébet do terror clássico italiano, menos preocupado com o roteiro do que com a experiência. A intenção parece ter sido trazer os relatos mais verossímeis, ocasionalmente com algum toque de fantasia, o que é uma opção interessante. Ainda assim, mesmo que não decepcione na fluidez, a sensação ao final é que faltou algo neste caldeirão. A relação que a história estabelece com o leitor é distante, já que não há qualquer personagem pela qual torcer ou temer. Claro que a Condessa é aquele tipo que adoramos desprezar, mas o interesse que ela gera ao longo das páginas não é bastante para deixar de observar isso. Com um saldo final positivo, Erzsébet vale a experiência. Quem tiver interesse por personalidades como a de Bathory será recompensado nesta leitura. Muito provavelmente, caso o seu primeiro contato com ela for a HQ, vai gerar uma vontade forte de pesquisar mais sobre essa figura histórica terrivelmente atrativa. A pergunta do primeiro parágrafo não será respondida, mas a atração por esses monstros da vida real continuará a existir.
Formiga Elétrica (sobre a versão brasileira)
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(...) Escrita e desenhada pelo português Nunsky, Erzsebet é um dos maiores lançamentos de terror de 2012.
Convergência HQ (sobre a versão brasileira)
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(...) Nunsky consegue transmitir todo o horror que as lendas contam, as torturas e a personalidade explosiva da Condessa de Sangue, como ficou conhecida. Graças à uma narrativa sangrenta e auxiliada pela técnica do traço citado, várias são as cenas em que a crueldade de Erzsébet é extrema, (...) 
Mundo Hype (sobre edição brasileira)
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(...) Fidedigna ou não, fantasiosa ou não, em cenas como esta a biografia busca retratar precisamente a crueza da condessa assassina. 
Folha de S. Paulo (sobre edição brasileira)
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Desenhista de muita imaginação
Jornal do Commercio (sobre edição brasileira)

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Livro negro, melancólico, arrepiante e pesado. Bué Black Metal, sem uma pinga de humor. (...)  Só não gosto nada é da protagonista, macacos a levem, é mesmo detestável e esperei pacientemente pelo seu merecido fim tal como rezam as lendas (...) Os outros lacaios da maldade também foram bem castigados... Só que fiquei a pensar...  Mas que raio, então e a bruxa, ficou à solta? E os 90 gatos? Fonix Que medo...  Livros com um fim esquisito, este da dimensão no espelho negro apanhou-me de surpresa. 
Rodolfo Mariano (por email)


segunda-feira, 25 de março de 2024

Lento, profundo e duro




Companheiros da Penumbra é um livro gigantesco, lançado em Outubro de 2022, que marcou o regresso de Nunsky à Banda Desenhada, desta vez, em modo de memória flutuante para relatar um período específico de uma tribo específica no Porto. Falamos da cena Gótica dos anos 90 em envolvia sobretudo as festas no Heaven's. 

Todas estas pessoas, com um ou outro nome, existiram, sonharam e viveram num Porto “podre”, sombra caricatural de uma cidade europeia, que sonhava com a promessa do novo milénio. Filhos bastardos de um tempo menos distante do aos olhos românticos parecia, de uma Northampton ou Londres ida e de uma Los Angeles decadente que nunca existiu senão nas mentes dos rejeitados que vomitou para as margens da história. 

Empregados de mesa e armazém que ao cair da noite – qual Bruce Wayne – se transformavam em Lordes Vitorianos, meninas confusas que queimavam na “má vida” o grito que os seus pais acreditavam investir numa educação de excelência, adolescentes que encontravam na escuridão da noite o manto protetor para as suas angustias e a garantia de um alter-ego suficientemente forte para resistir à porrada da vida, esbarrando-se com adultos com síndrome de Peter Pan, que reforçavam obstinadamente o universo de fantasia, rejeitando, com um magnânimo pirete o que comumente reconhecemos como “mundo real”.




Artista premiado pelo Festival da Amadora em 2015 com o romance histórico Erzsébet, desde 2016 que preparava este extenso retrato de uma época entesada. Voltou assim à BD Amadora, em 2022, originais de Nunsky para serem admirados - e falamos a sério tal é o rigor das suas pranchas, acrescentada com uma habitual exagerada cenografia. Em 2024, os originais giraram na Mundo Fantasma reabrindo a sua galeria entre Fevereiro e Março.


São 300 páginas a preto e branco, 19x26cm, capa a 2 cores com badanas

O livrão esgotou a sua primeira impressão mas cá canta uma nova na nossa loja em linha 
e agora deverão encontrar os últimos exemplares da primeira misturados com a segunda na Snob, Tigre de Papel, ZDB, BdMania, Linha de Sombra, Neat Records, Matéria Prima, Tasca Mastai, Cult, Kingpin Books, Universal Tongue, Matéria Prima, Socorro, Utopia, FNAC, Mundo Fantasma, Senhora Presidenta, Vida Portuguesa, Alquimia, VelhotesLouie Louie PortoPiranha!








Mais títulos do autor: 
88 (Mesinha de Cabeceira #13, Chili Com Carne; 1997)
Erzsébet (Chili Com Carne; 2014) com edição brasileira na Zarabatana
Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno (MMMNNNRRRG; 2015) com edição em inglês
Espero chegar em breve (MMMNNNRRRG; 2016)



Feedback

(...) parabéns pela edição dos Companheiros da Penumbra. O livro é muito bom, um trabalho de fôlego coerente, sincero, com coração e realismo de um tempo e atitude, nada comum neste "mercado" lusitano. Uma enorme surpresa positiva para mim, mesmo conhecendo bem o trabalho do Nunsky. 
André Lemos (via email)

O livro está muito bom e é um óptimo apanhado de uma certa atmosfera que se perdeu neste Porto gentrificado e de papelão, cheio de patetices circenses e tourist-trapsClaro que fico com o coração cheio (...) ao reconhecer (literalmente ou por associação) algumas personagens, locais, modus operandi do underground, imbróglios amorosos, conflitos, mitificações e delírios inerentes ao "tribalismo", etc... Capta-se o arco em que a fantasia teen atinge o um pico criativo e anímico para se desvanecer como o fumo de qualquer concerto rock. Mas este é já um mundo perdido e que o Nunsky conseguiu captar muito bem sem o bafejar com melancolias e sem que o leitor sinta que está perante um relicário. Mais uma vez, a arte do Nunsky é incrível, e acho que a par do Erzsébet, este é o seu melhor trabalho gráfico. (...) Em termos narrativos, há algo que por vezes parece meio encravado, como se os episódios que compõem a história fossem cortados e colados de forma abrupta. No entanto, consigo encontrar um certo charme nisso, tornando tudo mais rude e por vezes confuso (num sentido positivamente estético - como uma parede com múltiplos cartazes sobrepostos ou um fanzine realizado nas franjas entre "corte e cola" e o "photoshop").
Só uma nota: creio que o Yura que aparece a dançar no Heaven's é o famoso "Iur" que o Gustavo Costa gravou para o projecto Derrame Sanguineo, cujas faixas foram publicadas num split com Sektor 304 (...) Nunca o conheci, mas conta-se que ele era o "freak com cabelo à Blixa" e que vagueava pelo Porto com a cara pintada de dourado. Era um dos alvos perfeitos para os skins. Existe o mito que ele queria montar um projecto de música experimental em que iria amplificar lâminas de barbear montadas verticalmente numa caixa e largaria centopeias lá para dentro. Mas mitos são mitos e bocas dizem o que dizem. 
PS - (...) agora é que liguei os pontos!!! A última faixa desse split é com o João e o baterista dos Martyrium (AHAHA) nas percussões!
André Coelho (via email)  

Este livro é uma viagem de comboio fantasma com destino à nostalgia. O texto está incrível e o desenho está lá em cima ao pé dos melhores.
Rodolfo Mariano (via email)

blá blá blá de tótós

Companheiros da penumbra é um marco significativo da produção contemporânea de banda desenhada, sobretudo de um registo realista, e plenamente ancorado na realidade portuguesa – o que não implica menos potencialidade de espelhar outras experiências distintas. No panorama actual, em que a esmagadora maioria da produção roça sempre um qualquer campo do fantasioso, do género, ou até mesmo de fórmulas escapistas, muitas vezes até pouco buriladas e medíocres, um livro desta natureza sobressai sobremaneira. Não iria ao ponto de o o chamar “jornalístico”, “antropológico”, “documental”, mas há sem dúvida elementos desses registos presentes ao longo desta narrativa. Esse ancoramento está presente não apenas através dos muitos momentos de referencialidade, mas com a vivência da cidade do Porto e os movimentos espaciais, a magnífica escrita com diálogos vívidos, variados e verdadeiros, as personalidades acabadas das personagens, e até o cunho tão específico que Nunsky consegue criar com os rostos de tantas personagens/pessoas. (...) No entanto, uma das vantagens de Companheiros sobre todos esses modelos é que não se entrega a nenhum exercício facilitista com uma intriga melodramática, lamechas ou de crise central. Há um plot, sim, mas simples. Há uma história de amor, há um road movie, há um conflito entre amigos, há uma missão a cumprir, há mesmo uma morte. Mas pela sua fluidez e estranha calmia de execução, em que um episódio flui para o próximo, não tanto na cadeia aristotélica de causa e consequência, mas na inevitabilidade do tempo, o que sobressai é mais um ambiente, que recorda uma “fase”, imaginamos, da vida dos dois jovens protagonistas, Paulo “Nunsky” e Alex “Hipnos”. Com efeito, o autor opta muito menos por elementos dramáticos e conflitos reconhecíveis como tal, de uma maneira flagrante – por hipótese, um conflito com os pais, uma decisão fulcral de vida, uma adição fatal, um crime espantoso –, do que uma espécie de testemunho, quase de mera afirmação, do sucedido nessa tal fase.

(...) o discurso visual e narrativo de Nunsky faz desta cena um espaço onde a memória se convoca como espaço de resistência, mas também de solidariedade, partilha de afectos e barricada protectora contra uma sociedade consumista que, confirmamos agora, já se desenhava com ímpeto nessa década final do século XX e é hoje a regra num Porto gentrificado como quase todas as grandes cidades europeias.

Companheiros da Penumbra conduz-nos por um tempo, um lugar e um universo específicos. Magistral retrato de época em BD, vai mais além.

Eu não estou mesmo nada a par de como anda o panorama da bd nacional, mas este gajo está a um nível que apanhei poucas vezes por cá. Tenho ideia que no contexto local, é mesmo muito raro apanhar um volume destes, em que há a mesma coesão quer a nível narrativo quer gráfico do principio ao fim. (...) Na parte da narrativa, li uns comentários/ críticas (...) que malhavam um bocado na construção da narrativa, no sentido de haver cortes abruptos, etc... Não senti nada disso. Os saltos e interrupções que acontecem fazem todo o sentido na forma como a história é contada a través de memórias pessoais e de recordações maisou menos dispersas, embora sempre a seguir uma suposta linha cronológica. É absolutamente fantástico revisitar o porto do final dos 90s/ principios de 2000. (os bares da ribeira e o cubo à pinha, o luso…)
F.Q. (via email)

(...) Desengane-se quem pensa que este é um livro de nicho, pensado para quem andou pelas noites góticas ou pela música de Bauhaus ou Love and Rockets. Companheiros da Penumbra é uma ode às partilhas intensas da juventude, e não necessariamente da juventude gótica. Por trás das roupas negras, dos adereços e dos ambientes existencialistas marcados por um determinado tipo de música, o que lemos nestas pranchas é universal, não se fecha numa qualquer tribo, ainda que a linguagem partilhada dessa tribo ajude a definir o enredo e a estruturar o seu desenvolvimento. Por outro lado, há neste livro uma presença tão forte da cidade do Porto que impossível assumir a geografia apenas como um elemento narrativo; na verdade, o Porto é aqui mais do que cenário, uma espécie de seiva que dá configuração a estas vivências e aos episódios lembrados. E tal como o grupo de personagens no centro da história, também a cidade é uma memória que se convoca como parte de uma construção identitária, e não tanto como uma nostalgia. Toda a narrativa de Companheiros da Penumbra assenta nesse gesto de olhar o passado, não com o olhar do saudosismo mais plano, mas como parte integrante do que se foi construindo – com as lembranças, as festas, as descobertas e as dores que se foram acumulando – e que agora é também presente, ainda que as roupas pretas e os adereços soturnos tenham ficado esquecidos nas gavetas.

(...) obriga a uma leitura atenta e activa. (...) Em mãos menos capazes, este livro facilmente resvalaria para um relato nostálgico de um tempo que já lá vai: nas de Nunsky, ele canta; em tons lúgubres e sinistros, mas carregados de uma força e alegria que vai para além daquelas catacumbas.
André Pereira in A Batalha

Banda Desenhada ou Novela Gráfica? Da ou De Penumbra? Traço genial!

(...) Novela gráfica sobre a tribo gótica do Porto. As aventuras, sobretudo noctívagas como convém, as amizades que se engendram em torno da música, os 1001 esquemas dos donos do bar, o traçadinho e a Ribeira, descampados e casas abandonadas.

2ª impressão do livro em Setembro 2023, ou seja, mais 666 exemplares!!!

nomeado para Melhor Obra Portuguesa pela BD Amadora 2023

Já li o Nunsky!!! É bom, é competente, e é, sem dúvida, entertaining. Entra-se facilmente naquilo e, tudo ponderado, acaba por resistir à pergunta (que me fiz a mim mesmo algumas vezes): “porque é que eu estou a ler trezentas páginas de bebedeiras e góticalhices foleiras da província?” A escrita é boa, é fluída e é competente. (---) No fim do dia, uma boa leitura. Uma boa obra!!
RG por email

Entrevista no portal Central Comics

(...) Nunsky retrata-nos o lugar de uma forma extremamente verosímil e pareceu-me sempre ter o cuidado em não magoar em vão, sem querer ferir as pessoas à sua volta e isso é muito à Porto. Por contradição.

(...) É desse tempo, em que podíamos ser músicos, editores, organizadores de espectáculos, estilistas, realizadores de cinema, autores de banda desenhada, sem ter de gastar uma vida em cada uma dessas vocações, que nos fala esta banda desenhada ímpar. Anos feitos de conspirações à mesa do café, sessões de cinema em casa de amigos, palcos improvisados em casas de alterne, incursões ao Portugal “real”, excessos e amores suspirados, conquistas e derrotas amargas. Mesmo para quem não se entregou às trevas da nação gótica, mas abraçou uma qualquer tribo urbana, Companheiros da Penumbra é um local perfeitamente reconhecível, nostalgicamente familiar.

sábado, 23 de março de 2024

Partir 1000 paus! E prá semana na Louie Louie (do Porto)

 


Índios do mundo já saiu oficialmente Partir a Loiça (toda) de Luís Barretovencedor dos 5001000 paus de 2023 e o fanzine com os maiores custos de sempre!!!


Este Mesinha de Cabeceira tem um CD a acompanhar cheio de fofura sónica com as bandas Sindicato do PunkEntre Outros e TINNITRUS, que saíram directamente da Banda Desenhada - uma tradição em Portugal que não é fácil de ignorar se pensarmos "nas" Garina Sem Vagina da chata série "Superfuzz" (2004) e os recentes Podre e Freiras Monomamárias do divertido fanzine Olho do Cu.

Impresso com papel amarelo, as 44 páginas em formato A5 fazem o regresso dos nossos conhecidos Danny e Arby e os seus amigos Cassie e Buddy a meterem-se num comboio e vão até à "Metrópole". Vão ao primeiro concerto do Sindicato do Punk, a banda de Bobi, um amigue do duo. A banda já ganhou alguma tracção com o seu EP de estreia por isso a sala está cheia de fãs ansiosos pela estreia ao vivo da nova sensação do punk nacional. O concerto é absolutamente caótico, envolvendo vibradores, confettis, finos entornados e muito, muito mosh. Mas a actuação do Sindicato do Punk é apenas o concerto de abertura para os TINNITRUS, uma banda local de noise extremo que destrói tímpanos e PAs por onde quer que passe. 

Co-edição da Chili Com Carne e Culetivo Feira.

Iniciativa apoiada pelo IPDJ e Tinta nos Nervos


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Pode ser adquirido na shop da Chili e nas lojas Neat Records e Tinta nos Nervos. Brevemente na Louie Louie (Porto)


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As fotos não enganam as bandas da BD existem!!!


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historial:

lançamento ao norte no 18 de Fevereiro 2024 n'O Thigaz em Santo Tirso com conversa de VIPs (very important punks!) como Alexandra Saldanha (iá! a vocalista dos Unsafe Space Garden e que faz BD psicadélica), Marcos Farrajota (um velho, ainda lúcido, da cena) e Rudolfo (Rei da BD portuguesa e Conde do Chiptune)


lançamento ao sul no 24 Fevereiro na Tinta Nos Nervos em Lisboa com conversa com o autor e à noite concerto de BCCTriunfo dos Acéfalos no Damas.


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feedback


Ainda não tinha saído oficialmente e já o Pedro Moura, mais rápido que um Punk escreveu no Ler BD(...) este projecto era a “cara” do catálogo da Chili, ainda que compreenda a diversidade editorial ofertada por esta plataforma (...).  Essa “cara” traduz-se aqui por uma atenção particular para com a realidade urbana portuguesa, real, ancorada, e jamais transfigurada em fantasias ou denominadores comuns que tentam domesticar a imagem da(s) cidade(s) e das gentes de uma forma fácil de consumir, vulgo “postal”. É algo que tem a imediaticidade da escrita diarística, apesar das suas roupagens representacionais, uma recordação de algo ainda quente na experiência, traduzido de forma simples, célere, e, pasme-se, divertida. Se não é um “espelho da sociedade contemporânea”, é um suficiente retrovisor e, como tal, talvez sirva para não sermos ultrapassados.

E o DJ Balli escreveu: Now that I'm quoted in a comic, I can hang my guitar to the wall, thanks to a vip (Very Important Punk) like Luis via Chili Com Carne... you made my day!!!

sexta-feira, 22 de março de 2024

400 DONE

 


A massa de mutantes, ciborgues e extraterrestres da Chili Com Carne está a oferecer 400€ em livros do catálogo da Chili ao 400⁰ sócio que se inscrever. Mas porquê? Porque já é uma tradição desde que chegámos ao sócio 100! Por isso, podem ler o que é necessário AQUI - tecnocratas aquiVemo-nos do outro lado!

Entretanto concretizamos o objectivo, vemo-nos no sócio nº 500!!!

_____ Imagem do Mao


Eis a prova da entrega:




Vale dos Vencidos de José Smith Vargas //// ESGOTADO & mostra virtual em Benfica

Ufa!

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O que cabe no espaço geográfico de um largo? 
 Câmara municipal e gestores sociais ambiciosos, moradores e pequenos mafiosos, jovens radicais e antagonistas, imigrantes que fazem a sua cidade à margem. Desde parque de estacionamento informal e local esquecido e até à sua reabilitação e inauguração pelo Presidente da República.
VALE DOS VENCIDOS de José Smith Vargas acompanha durante dois anos (2010/2012) a evolução de um largo no coração de um bairro degradado no centro da capital.

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VALE DOS VENCIDOS de José Smith Vargas, é um extenso livro publicado pela Associação Chili Com Carne, sendo uma obra realizada ao abrigo de uma bolsa de criação literária da DGLAB/MC e foi inspirada no projecto vencedor do concurso Toma lá 500 paus e Faz uma BD! (2014)


VALE DOS VENCIDOS é a estreia em livro de José Smith Vargas. Este volume, que já leva uma década de investigação, inclui várias bandas desenhadas sobre a ascenção e queda da cidade de Lisboa e que informam uma insuflada "graphic novel" sobre um bairro específico em que qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real não terá sido mera coincidência. As lutas sociais, os engodos das renovações urbanas e das associações culturais, os jogos políticos ou os dealers na street, são aqui brilhantemente expostos numa cacofonia de vozes e intervenientes no terreno. Uma abordagem documentarista que parece uma montanha que irá parir uma marca branca na realidade de mais uma capital europeia. Bravo! in Binocle Magazine Issue 167 (Oct 2023)

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 O livro está ESGOTADO na nossa loja em linha mas ainda haverá exemplares pela BdMania, Kingpin, Letra Livre, Linha de Sombra, Matéria Prima, Mundo FantasmaNeat Records, Snob, Tigre de Papel, Tinta nos Nervos, Socorro, Utopia, Casa da Achada, Vida Portuguesa, Centro de Cultura Libertária, Tortuga e ZDB.





Historial:

Uma exposição homónima de originais de Banda Desenhada esteve patente na BD Amadora 2023 e com sessão de autógrafos e 28 de Outubro
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Lançamento oficial na Casa da Achada - Centro Mário Dionísio no dia 17 de Novembro 2023 com presença do autor, Marcos Farrajota e Luís Mendes

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Apresentação a 16 de Dezembro 2023, com Andreia Farrinha, José Smith Vargas e Marcos Farrajota, às 16h + Festa do Vale com Phantom, Focolitus e Kafundo NoSoundsystem, às 21h na Casa do Comum (Lisboa) no âmbito da Parangona 2

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Melhores livros de 2023 do Expresso

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Entrevista na Esquerda.net

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Entrevista no Pranchas & Balões

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5 estrelas no Expresso

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4,5 estrelas no Público

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Páginas centrais do jornal Mapa fazendo um "companion" para conhecer as principais personagens do livro

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Mostra virtual Opressores e Oprimidos no Parque Silva Porto, Benfica, Lisboa no âmbito do projecto Story Tellers entre 21 de Março e 20 de Junho 2024.










Feedback:

Ainda não te disse nada acerca do livro, porque fiquei sem palavras. (...) Parabéns  ao Smith , assim valeu a pena esperar 10 anos. Que trabalheira! Nem sequer estou a falar do numero de paginas, podia ter 1000 paginas e ser uma merda na mesma. Em termos de pesquisa, planeamento, desenho e argumento, 'tá excelente dá para ver que ele viveu isso, não é como muitos projectos de bd de pessoal "conhecido e ilustres" que escolhem falar de bairros, e cidades ou de sardinhas e malmequeres e fados por motivos financeiros e para se autopromoverem. Também fiquei contente por ele desenhar pessoal da distribuicão a descarregar material com carrinhos de mão (...)
David Campos (por email)

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O José Smith Vargas abriu as costuras da realidade e retirou de lá de dentro um feio tumor albugíneo para que toda a gente veja bem o que nos fazem a democracia burguesa e a luta de classes com logótipo partidário.
Rodolfo Mariano (por email)

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(...) Daí que se encontrem no livro de Smith Vargas poucos instrumentos costumeiros na construção da banda desenhada regrada esteticamente nos nossos dias – pelo mais prestigioso “pacote” do “romance gráfico”, tais como a manutenção de uma absoluta consistência estilística ou a composição de páginas com efeitos de significação “extra”, a eleição de um arco narrativo aristotélico ou uma clara “redenção” ou sequer “resolução” de uma suposta crise, etc. - e uma maior liberdade circunstancial do que é necessário mostrar. Ou seja, seria fácil criticar o livro por uma certa falta de unidade, ou ter uma coerência titubeante, mas queremos esgrimir o argumento que esse caos ou anarquia é necessário para a própria matéria política do que é discutido.

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(...) uma polifonia de histórias onde falta futuro, mas onde se afirma uma reflexão crítica sobre as razões concretas dessa falta. 
Sara Figueiredo Costa in Expresso

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(...) li o Vale dos Vencidos de fio a pavio num único dia: valeu a espera de dez anos, porra! Grande livro, quase tenho pena de não ter posto os pés no Amadora BD para ver os originais. Não serei a primeira pessoa a notar isto, mas acho interessante que a Chili tenha publicado dois retratos muito fiéis de dois momentos históricos das duas maiores cidades do país: Companheiros da Penumbra e agora este (fico a aguardar o visceral retrato da Coimbra do Rodolfo Mariano!). Mas isto para dizer que fiquei a pensar que se perceber que a Chilli começa a ser um repositório de momentos muito específicos das cidades, dos movimentos e das pessoas sobre as quais assentam um conjunto de transformações radicais, mas cujos protagonistas anónimos ficam de fora. O retrato das faunas uranas da Mouraria estão extraordinários e revi imensas pessoas com as quais me cruzei desde que estou em Lisboa: o Fanã, em particular, é toda uma fauna por si só (e um nome que só consigo entoar na minha cabeça com o sotaque lisboeta).
AP (por email) 

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 José Smith Vargas desenhou a crónica do desaparecimento de uma certa Lisboa Sobre uma mesa, na sala maior daquele pólo cultural de Lisboa, encontra-se Vale dos Vencidos (...) a obra de banda desenhada é composta, sobretudo, pela história que lhe dá o nome: aquela que relata, entre a ficção e as memórias, a requalificação de um bairro, de seu nome Vale dos Vencidos, numa cidade chamada Merídia. 

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(...) Este volume documenta cerca de uma década de transformações no bairro da Mouraria sem se privar de ser uma ficção mordaz, por vezes surreal, sobre o absurdo da gentrificação, visto por dentro - através da história de um barracão, que em tempos albergou o colectivo Da Barbuda, uma espécie de confraria libertária, como das histórias de fadistas e taberneiros, imigrantes e gunas, artistas e empreendedores.